O mundo está cada vez mais conectado — e mais vulnerável. Tarifas, tensões políticas e disputas comerciais entre potências podem parecer assuntos distantes do dia a dia de um lojista. Mas a verdade é que essas decisões afetam diretamente os preços, os prazos de entrega, os custos de importação e até a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
Nesta edição, vamos explorar como o tarifaço dos EUA e o cenário geopolítico global impactam o e-commerce brasileiro — e o que você pode (e deve) fazer a respeito.
“A política é a continuação da guerra por outros meios.”
— Carl von Clausewitz
A frase é antiga, mas ainda atual. E quando essa “guerra” envolve tarifas, subsídios e blocos econômicos, os impactos chegam ao seu bolso — e ao checkout da sua loja virtual.
A nova onda de conflitos: agora tarifários
Com a escalada das tensões comerciais entre os EUA e países como China, México, Índia e Brasil, uma nova rodada de tarifas foi anunciada pela Casa Branca. Em nome da proteção à indústria nacional, o presidente americano decidiu sobretaxar setores estratégicos, mirando especialmente produtos importados que têm ganhado competitividade frente aos fabricantes americanos.
No caso do Brasil, os setores mais afetados são moda, têxteis, calçados, aço e alimentos processados. A justificativa? Concorrência desleal, subsídios cruzados e déficit comercial crescente com países emergentes.
Por trás disso, há uma nova geopolítica do consumo. Os países estão reavaliando suas cadeias de suprimentos, suas dependências logísticas e, principalmente, suas prioridades. A lógica do “compre do mundo inteiro” dá lugar ao “compre do meu vizinho”.
É nesse cenário que o e-commerce entra como peça central. Afinal, ele é o termômetro do apetite global por produtos — e também a primeira vítima quando os preços sobem ou os prazos estouram.
Para entender melhor o contexto geopolítico que afeta o varejo digital, recomendo também a leitura da edição Loja Digital #62 | As placas tectônicas do digital estão se movendo.
Os impactos no e-commerce brasileiro: o vai e vem das tarifas
Para o Brasil, a nova política tarifária dos EUA acende um alerta vermelho. Com tarifas adicionais, produtos que antes tinham espaço nas prateleiras virtuais americanas podem perder competitividade. E isso afeta diretamente pequenos e médios exportadores brasileiros, que vinham aproveitando a alta do dólar para vender mais lá fora.
Setores em risco de exportação:
- Têxteis e Moda: grandes players do polo têxtil de Santa Catarina e do Nordeste podem sentir a queda nas encomendas B2B vindas dos EUA.
- Aço e Derivados: tarifas podem atingir em cheio empresas que vendem para o setor automotivo americano.
Por outro lado, se o Brasil decidir aplicar a chamada Lei de Reciprocidade e também sobretaxar produtos vindos dos EUA, o impacto será sentido do lado do consumidor. Itens como eletrônicos, gadgets e material esportivo podem ficar mais caros — afetando nichos como games, ciclismo, eletrônicos pessoais e acessórios fitness.
E tem mais: qualquer aumento tarifário tende a gerar inflação de custos logísticos, aumento no tempo de despacho e incertezas cambiais. Tudo isso cria um efeito cascata no comércio digital.
Se você quer entender como eventos internacionais mexem com sua margem de lucro, vale reler a Loja Digital #56 | A morte da Nuvemshop, Tray e Loja Integrada?, que mostrou como decisões de grandes players moldam o mercado.
O que os lojistas podem fazer agora?
Em vez de lamentar as manchetes, é hora de aprender com elas. A história mostra que toda crise geopolítica também abre portas para novas oportunidades. O segredo é estar preparado. Algumas ações práticas:
- Diversifique seus fornecedores: não dependa de uma única origem. Busque alternativas no Mercosul, na Ásia e até no próprio Brasil.
- Amplie seus mercados consumidores: avalie novas rotas de exportação. Já pensou em vender para o Oriente Médio, África ou Sudeste Asiático?
- Estude o impacto fiscal e tarifário: use ferramentas de simulação de impostos e plataformas de inteligência comercial.
- Avalie a viabilidade das vendas internacionais: mesmo com tarifas, o e-commerce cross-border ainda pode ser lucrativo.
- Monitore a política internacional: quem acompanha a geopolítica, antecipa tendências e evita surpresas.
Acima de tudo, lembre-se: a volatilidade é o novo normal. Lojistas resilientes são aqueles que não dependem de uma única moeda, um único fornecedor ou um único canal de venda.
Se quiser um acompanhamento estratégico para lidar com esse tipo de cenário, conheça nosso serviço de Mentoria e Consultoria em E-commerce.
AVISO FINAL
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Grande abraço e muitas vendas!
Flávio Augusto Bertholdo
