A maioria dos lojistas só se preocupa com a segurança quando é tarde demais. Infelizmente, eu já vi isso acontecer algumas vezes.
Todo dia, milhares de lojas virtuais sofrem tentativas de invasão, vazamento de dados, clonagem de páginas e outros golpes digitais. E o pior:
Muitos só percebem quando os clientes começam a reclamar.
Recentemente, uma falha grave em um plugin popular do Shopify chamado Consentik expôs por mais de 100 dias dados sensíveis de centenas de lojas. A falha permitia acesso a tokens do próprio Shopify, além de credenciais do Facebook Ads. O plugin estava mal configurado e expunha informações em um servidor Kafka sem autenticação.
Resultado: risco de sequestro de loja, mudança de preços, perda de verba publicitária e injeção de scripts maliciosos.
Se você acha que isso só acontece com as “lojas pequenas”, pense de novo. O problema estava em um app aprovado no marketplace da própria Shopify.
Verdades e mitos sobre segurança no e-commerce
Existe uma frase amplamente atribuída a Confúcio:
“Esperar o melhor. Preparar-se para o pior. E aceitar o que vier.”
Acredito não haver registro direto dessa frase nos escritos clássicos. Apesar disso, ela representa a essência da filosofia de Confúcio e combina muito bem com nossa conversa sobre segurança no e-commerce.
A segurança da sua loja precisa seguir essa lógica. Porque confiar apenas na sorte é um convite ao desastre.
Vamos direto ao ponto:
MITO 1: “Plataformas SaaS são sempre mais seguras.”
REALIDADE: Depende! SaaS como Shopify, Tray e Nuvemshop cuidam de grande parte da infraestrutura. Mas não impedem que plugins ou apps de terceiros criem brechas.
MITO 2: “WooCommerce é inseguro por ser código aberto.”
REALIDADE: A liberdade do open source permite correções rápidas, auditoria constante e proteção personalizada. O problema não é o código aberto. É o abandono.
MITO 3: “Se o plugin está no marketplace, ele é seguro.”
REALIDADE: O plugin Consentik estava lá. E expôs lojas por mais de 3 meses.
Quem cuida da sua loja?
Vamos comparar as responsabilidades entre plataformas SaaS e soluções open source. Quem atualiza, quem protege, quem monitora. Afinal, entender quem está no comando da segurança da sua loja é o primeiro passo para melhorar sua estratégia.
Aqui está a diferença entre SaaS e open source:
SaaS (Shopify, Tray, Nuvemshop)
- Atualizações automáticas.
- SSL, PCI, backups e monitoramento incluídos.
- Pouca transparência sobre falhas.
- Difícil aplicar proteções personalizadas.
Open Source (WooCommerce, Magento)
- Liberdade para usar Cloudflare, Wordfence, WAF e backups externos.
- Transparência total sobre o código.
- Atualizações dependem da sua equipe.
- Flexibilidade total com mais responsabilidade.
Para quem busca praticidade e prefere delegar a parte técnica, o modelo SaaS pode ser suficiente. Já lojistas que valorizam liberdade, controle e personalização encontrarão no open source uma base mais robusta — desde que tenham suporte técnico ou equipe qualificada. O OpenSaaS une o melhor dos dois mundos.
Falhas recentes em plataformas populares
Mesmo as grandes plataformas falham. Aqui você verá exemplos reais de incidentes de segurança e instabilidades recentes em Shopify, Magento, VTEX, WooCommerce, Tray e Nuvemshop. Conhecer esses casos ajuda a evitar que sua loja caia nas mesmas armadilhas.
- Shopify
Falha grave no plugin Consentik expôs tokens de acesso e credenciais de campanhas. (Fonte: TechRadar e Cybernews) - Magento
Em 2024, vulnerabilidades conhecidas em lojas com versões desatualizadas permitiram execução remota de código. A própria Adobe emitiu alertas. - VTEX
Instabilidades após atualizações automáticas afetaram a checkout API em diversas lojas. - WooCommerce
Falha corrigida em 2023 permitia acesso a dados de pedidos sem autenticação quando um plugin específico era usado de forma incorreta. - Tray
Instabilidade no sistema de checkout e falhas em gateways impactaram vendas, embora não tenham sido assumidas como falhas de segurança. - Nuvemshop
Em 2024, um bug permitiu que colaboradores com acesso limitado alterassem dados de configuração da loja. A falha foi corrigida silenciosamente.
O que realmente protege sua loja?
Chegou a hora da parte prática. Nesta seção, reunimos os pilares de uma estratégia sólida de segurança digital. É um checklist direto, sem promessas mágicas. Apenas o que funciona.
- Atualizações constantes: Manter a plataforma, plugins e temas sempre atualizados fecha as portas para invasores que exploram falhas conhecidas.
- Backup automático e externo: Cópias de segurança externas garantem que sua loja possa ser restaurada rapidamente em caso de ataque ou falha.
- Firewall / WAF ativo: Ferramentas como Cloudflare e Wordfence filtram tráfego malicioso antes que ele atinja sua loja.
- Monitoramento 24/7: Monitoramento contínuo permite identificar acessos suspeitos ou ataques em tempo real.
- Senhas fortes + autenticação em duas etapas: Combinação essencial para impedir invasões via login administrativo.
- Plugins auditados: Evite plugins abandonados ou mal avaliados. Revise periodicamente e remova o que não é usado.
- Hosting especializado: Um bom provedor cuida da base: backups, segurança e suporte técnico preparado.
- Time que sabe o que está fazendo: Tecnologia é importante, mas sem gente capacitada ela vira risco. Equipes experientes são sua melhor defesa.
Ao longo dos anos, acompanhei dezenas de incidentes graves em lojas virtuais — de pequenos vazamentos até sequestros completos de loja. Isso me ensinou que segurança digital exige atenção diária, processos claros e time experiente.
Na Bertholdo, a gente leva isso a sério.
Infelizmente, vejo com frequência lojas que ficam meses — às vezes anos — sem atualizações. São sistemas abandonados, com plugins desatualizados, falhas conhecidas e zero monitoramento. O risco cresce a cada dia.
Não pense que isso é exclusividade do open source. Mesmo em plataformas SaaS, o uso de temas ou apps de terceiros sem manutenção pode criar brechas graves.
Segurança não é só da plataforma. É da loja inteira. Nossa equipe trabalha todos os dias aplicando o checklist acima em cada loja que atendemos. Nossos clientes sabem que não estão sozinhos — têm uma estrutura preparada para prevenir e reagir.
Não existe bala de prata. Existe gestão.
AVISO FINAL
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Grande abraço e seguranção para o seu e-commerce!
Flávio Augusto Bertholdo